Nos últimos anos, os ataques cibernéticos cresceram em uma velocidade alarmante, tornando-se uma das maiores ameaças ao sucesso e à sobrevivência de empresas de todos os tamanhos. Segundo um relatório da Cybersecurity Ventures, estima-se que, até 2025, o custo global do cibercrime ultrapasse US$ 10,5 trilhões por ano, evidenciando o impacto devastador das invasões digitais. No Brasil, o cenário também é preocupante: o país é um dos mais visados da América Latina, com milhares de tentativas de ataques registradas diariamente.
Além do prejuízo financeiro direto, as empresas afetadas sofrem com a perda de dados, paralisação das operações, danos à reputação e até processos judiciais. O problema é que, muitas vezes, os grandes desastres começam com falhas simples que poderiam ser evitadas com boas práticas de segurança.
É por isso que investir em prevenção e conscientização em cibersegurança é fundamental. Proteger seu negócio vai muito além de instalar antivírus ou firewalls. É preciso criar uma cultura de segurança, treinar funcionários, manter sistemas atualizados e ter planos claros para responder rapidamente a incidentes.
Neste artigo, você vai conhecer os 7 maiores erros de cibersegurança que podem colocar sua empresa em risco — e, mais importante, aprender como evitá-los. Vamos lá?
FALTA DE TREINAMENTO E CONSCIENTIZAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS
A segurança cibernética de uma empresa é tão forte quanto seu elo mais fraco — e, muitas vezes, esse elo é o fator humano. Sem o devido treinamento, os colaboradores se tornam alvos fáceis para golpes como phishing e engenharia social, duas das técnicas mais comuns utilizadas por hackers para obter acesso a sistemas e dados confidenciais.
Riscos de phishing e engenharia social
Ataques de phishing são tentativas de enganar os funcionários para que revelem informações sensíveis, como senhas ou dados bancários, geralmente por meio de e-mails falsos ou mensagens enganosas. Já a engenharia social explora a manipulação psicológica, fazendo com que as vítimas confiem em impostores que se passam por colegas ou parceiros comerciais.
Exemplo comum: Um colaborador recebe um e-mail aparentemente enviado pelo setor de TI pedindo a atualização urgente da senha. Sem saber que é um golpe, ele clica no link malicioso e fornece suas credenciais. Com isso, os criminosos conseguem acesso ao sistema da empresa, podendo roubar dados, instalar malware ou até paralisar as operações.
Impacto de um erro humano
Segundo estudos de cibersegurança, mais de 90% das violações de segurança são causadas por falhas humanas. Além do prejuízo financeiro, que pode chegar a milhões de reais, os danos incluem:
Perda de dados sensíveis, afetando clientes e parceiros.
Paralisação de serviços, gerando quedas nas receitas.
Danos à reputação, prejudicando a confiança do mercado.
Como evitar: Treinamentos e simulações constantes
Treinamentos regulares: Ensine os funcionários a identificar tentativas de phishing e a adotar boas práticas de segurança digital.
Simulações de ataques: Realize testes de phishing para avaliar o nível de preparo da equipe e corrigir falhas.
Políticas claras: Reforce o uso de senhas seguras e a importância da autenticação em dois fatores (2FA).
Treinar seus colaboradores não é custo, é investimento — e pode ser a diferença entre prevenir um ataque ou lidar com um desastre.
USO DE SENHAS FRACAS OU REUTILIZADAS
Senhas são a primeira linha de defesa contra invasões cibernéticas, mas muitas empresas ainda negligenciam sua importância. O uso de senhas fracas ou repetidas é uma porta aberta para criminosos digitais, facilitando ataques como força bruta e credential stuffing (uso de credenciais vazadas em outros serviços).
Como senhas fracas facilitam ataques
Hackers usam ferramentas automatizadas capazes de testar milhares de combinações de senhas por segundo. Termos simples, curtos ou previsíveis são quebrados em questão de minutos. Além disso, muitos funcionários utilizam as mesmas senhas em diferentes sistemas, tornando toda a empresa vulnerável se uma delas for comprometida.
Exemplos comuns de senhas fracas:
“123456” (a mais usada no mundo)
“senha123”
“empresa2024” (senhas com nome da empresa e ano são comuns)
Datas de nascimento ou números de telefone
Esse tipo de prática facilita o acesso não autorizado a e-mails corporativos, plataformas internas, e até contas financeiras, colocando em risco dados sensíveis e sigilosos.
Como evitar: Implemente boas práticas de segurança de senhas
Políticas de senhas fortes: Exija senhas com pelo menos 12 caracteres, misturando letras maiúsculas, minúsculas, números e símbolos.
Proibição de senhas reutilizadas: Utilize ferramentas de gestão de senhas (password managers) para gerar e armazenar credenciais seguras.
Autenticação em dois fatores (2FA): Implemente o 2FA em todos os acessos importantes. Mesmo que a senha seja comprometida, a conta continuará protegida.
Reforçar a segurança das senhas é um passo simples, mas crucial, para proteger sua empresa de ataques devastadores.
NÃO ATUALIZAR SOFTWARES E SISTEMAS
Manter softwares e sistemas desatualizados é como deixar a porta da sua empresa aberta para invasores. Muitas empresas negligenciam as atualizações, o que cria brechas para que hackers explorem vulnerabilidades conhecidas. Esse descuido pode resultar em vazamento de dados, paralisação de operações e prejuízos milionários.
Riscos de vulnerabilidades em sistemas desatualizados
Os desenvolvedores lançam atualizações não apenas para melhorar funcionalidades, mas também para corrigir falhas de segurança, conhecidas como patches. Quando esses patches não são aplicados, os sistemas ficam expostos a ataques cibernéticos, especialmente os chamados exploit attacks, que exploram falhas já conhecidas.
Além disso, criminosos costumam agir rapidamente após o anúncio de uma vulnerabilidade, explorando empresas que ainda não fizeram as atualizações necessárias.
Exemplos famosos de ataques devido à falta de atualizações:
WannaCry (2017): Este ataque global de ransomware afetou mais de 200 mil sistemas em 150 países, incluindo hospitais e grandes corporações. O ataque explorou uma vulnerabilidade no sistema Windows, que a Microsoft já havia corrigido com uma atualização. No entanto, milhares de empresas não aplicaram o patch, resultando em prejuízos estimados em US$ 4 bilhões.
Equifax (2017): A agência de crédito americana sofreu um vazamento que expôs os dados de 147 milhões de pessoas. O ataque explorou uma falha em um software que já tinha uma atualização disponível há meses, mas que não foi instalada a tempo. O prejuízo total superou US$ 700 milhões em multas e acordos judiciais.
Como evitar: Automatize atualizações e mantenha os patches em dia
Automatize as atualizações: Configure sistemas e softwares para receber atualizações automáticas sempre que possível.
Gerencie patches de segurança: Utilize ferramentas de gerenciamento de patches para garantir que todas as correções sejam aplicadas.
Auditorias regulares: Faça verificações periódicas para identificar softwares desatualizados.
Descontinue sistemas antigos: Evite o uso de sistemas obsoletos ou sem suporte, que são alvos fáceis para hackers.
Corrigir falhas antes que sejam exploradas é sempre mais barato do que lidar com as consequências de um ataque. Atualizar sistemas não é uma tarefa opcional, é uma necessidade estratégica.
AUSÊNCIA DE BACKUPS OU BACKUPS INSEGUROS
Perder dados críticos pode ser fatal para uma empresa. No entanto, muitas organizações negligenciam a realização de backups regulares ou armazenam cópias de segurança de forma insegura, colocando seus negócios em sério risco. Um simples ataque cibernético, falha técnica ou erro humano pode resultar em prejuízos irreparáveis se não houver uma estratégia eficiente de backup.
Consequências de perder dados importantes
A perda de dados pode causar:
Paralisação das operações: Sem acesso a sistemas ou arquivos essenciais, processos internos e atendimentos ao cliente ficam comprometidos.
Prejuízo financeiro: Custos elevados para tentar recuperar dados perdidos e interrupções de negócios.
Danos à reputação: A perda de informações confidenciais de clientes pode abalar a confiança e resultar em multas devido à violação de leis de proteção de dados (como a LGPD).
O perigo do ransomware sem backups seguros
Ataques de ransomware, em que hackers sequestram dados e exigem resgate, estão entre as maiores ameaças às empresas. Sem backups seguros e atualizados, muitas empresas se veem obrigadas a pagar o resgate, mesmo sem garantia de recuperação completa dos arquivos.
Exemplo: Em 2021, o ataque à JBS, gigante do setor alimentício, causou a paralisação de operações em diversos países. A empresa teve que pagar US$ 11 milhões em resgate. Empresas com estratégias de backup eficientes conseguem restaurar seus sistemas sem ceder às exigências dos criminosos.
Como evitar: Implementação de backups regulares e seguros
Backups automáticos e regulares: Defina uma política de backup automático em intervalos frequentes, com cópias armazenadas localmente e em nuvem.
Armazenamento em nuvem com criptografia: Utilize provedores de nuvem confiáveis e criptografe seus backups para impedir acessos não autorizados.
Regra 3-2-1: Mantenha 3 cópias dos dados, em 2 tipos diferentes de armazenamento, com 1 cópia externa (como em nuvem).
Testes periódicos: Simule recuperações de dados regularmente para garantir que os backups estão funcionais.
Ter backups seguros é como ter um plano de escape para sua empresa: você espera nunca precisar, mas é vital ter quando necessário. Com uma estratégia eficiente, você reduz drasticamente o impacto de ataques e falhas.
Falta de um Plano de Resposta a Incidentes
Quando ocorre um ataque cibernético, cada segundo conta. No entanto, muitas empresas não possuem um Plano de Resposta a Incidentes (PRI) bem estruturado, o que resulta em reações lentas, decisões confusas e prejuízos que poderiam ser minimizados. Sem um plano claro, os danos se multiplicam, desde a paralisação de operações até a perda de dados e da confiança de clientes.
Impactos da demora para reagir a uma invasão
Sem um plano de resposta eficiente, as equipes ficam desorientadas durante uma crise, e as decisões são tomadas de forma reativa, o que agrava as consequências do ataque. Entre os principais impactos estão:
Aumento do tempo de inatividade: A demora em conter o ataque pode paralisar sistemas essenciais por horas ou dias.
Perda irreversível de dados: Sem uma estratégia clara, backups podem ser destruídos ou não utilizados a tempo.
Custo financeiro elevado: Com mais tempo de sistema fora do ar e prejuízos operacionais, as perdas se tornam astronômicas.
Danos à reputação: A falta de transparência e de uma resposta rápida abala a confiança de clientes e parceiros.
Exemplo de prejuízos causados por falhas no plano de crise
Um caso notório foi o ataque à Target, rede de varejo dos EUA, em 2013. Hackers roubaram os dados de cartão de crédito de 40 milhões de clientes, resultando em um prejuízo de US$ 162 milhões. O mais grave: os sistemas da empresa detectaram o ataque, mas a equipe não reagiu adequadamente devido à falta de um plano estruturado de resposta a incidentes. A crise manchou a reputação da marca e afetou significativamente sua receita.
Como evitar: Criação e revisão constante do plano de resposta
Crie um Plano de Resposta a Incidentes (PRI): Defina protocolos claros para detecção, contenção, erradicação e recuperação em caso de ataque.
Estabeleça papéis e responsabilidades: Toda a equipe deve saber quem aciona, quem comunica e quem resolve.
Realize testes e simulações: Faça tabletop exercises e testes práticos com cenários reais de ataques, como simulações de ransomware ou vazamento de dados.
Revise o plano regularmente: Atualize o PRI conforme surgirem novas ameaças e após cada simulação de crise.
Tenha um plano de comunicação: Defina como informar clientes, parceiros e autoridades de forma transparente durante e após o incidente.
Um plano de resposta a incidentes bem estruturado reduz prejuízos, preserva a reputação e mantém a continuidade do negócio. Não espere uma crise para agir — prepare-se antes que seja tarde.
IGNORAR TESTES DE SEGURANÇA (PENTESTS)
Um erro comum, mas perigoso, é acreditar que ter um bom sistema de segurança é suficiente para proteger sua empresa. Sem testes de segurança constantes, como os pentests (testes de penetração), é impossível saber se suas defesas realmente funcionam. Hackers estão sempre buscando novas brechas — e o seu papel é encontrá-las antes deles.
A importância de identificar vulnerabilidades antes dos hackers
Os testes de segurança simulam ataques reais para avaliar o quão preparados estão seus sistemas. Isso permite identificar falhas que podem passar despercebidas, como:
Configurações incorretas: Erros em firewalls, permissões ou servidores.
Senhas fracas ou expostas: Vulnerabilidades comuns em acessos internos.
Códigos inseguros: Bugs em aplicativos e plataformas web.
Empresas que ignoram esses testes deixam brechas que podem ser exploradas por criminosos, resultando em vazamento de dados, invasões e prejuízos financeiros.
Diferença entre testes automatizados e pentests manuais
Testes automatizados: Usam ferramentas para varrer sistemas em busca de vulnerabilidades conhecidas. São rápidos e ideais para verificações contínuas.
Pentests manuais: Realizados por especialistas (pentesters), simulam ataques reais com criatividade e técnicas avançadas, explorando brechas que ferramentas automáticas não identificam.
Pentests manuais são essenciais, pois hackers humanos não seguem roteiros automáticos — eles pensam, improvisam e testam diversas abordagens até encontrar um ponto fraco.
Como evitar problemas: Realize auditorias periódicas com especialistas
Agende pentests regulares: Faça testes de penetração ao menos duas vezes ao ano ou sempre que houver grandes mudanças em seu sistema.
Contrate especialistas qualificados: Escolha profissionais certificados, como CEH (Certified Ethical Hacker), OSCP (Offensive Security Certified Professional) ou empresas com experiência em pentests.
Simule ataques internos e externos: Avalie vulnerabilidades tanto na rede pública quanto em acessos internos.
Corrija falhas imediatamente: Após cada teste, implemente as correções indicadas e reavalie a segurança.
Documente e melhore continuamente: Use os resultados dos testes para aprimorar políticas de segurança e treinar equipes.
Ignorar testes de segurança é o mesmo que deixar sua empresa vulnerável a ataques surpresa. Identificar falhas antes que elas sejam exploradas é a chave para prevenir desastres.
FALTA DE CONTROLE DE ACESSOS INTERNOS
Muitas empresas investem em firewalls, antivírus e sistemas avançados de segurança, mas se esquecem de proteger algo essencial: o acesso interno aos seus sistemas e dados. Permissões excessivas e desorganizadas facilitam vazamentos, fraudes e sabotagens, tornando a falta de controle de acessos um risco silencioso, porém devastador.
O perigo de permissões excessivas
Conceder a todos os colaboradores acesso irrestrito a sistemas críticos é um erro grave. Sem um controle adequado, um simples descuido ou acesso não autorizado pode causar danos irreversíveis, como exclusão de arquivos importantes, alteração de dados sigilosos ou até a paralisação de serviços essenciais.
Erro humano: Funcionários com acesso além do necessário podem, acidentalmente, deletar ou expor informações sensíveis.
Espionagem industrial: Ex-colaboradores com acessos ativos podem roubar dados confidenciais para beneficiar concorrentes.
Propagação de malware: Uma conta interna comprometida com privilégios elevados facilita a instalação de ransomware e ataques laterais dentro da rede.
Riscos de funcionários mal-intencionados ou demissões conturbadas
Ataques internos representam mais de 25% das violações de dados, segundo o relatório da Verizon Data Breach Investigations. Esses incidentes podem ocorrer por:
Funcionários insatisfeitos: Pessoas com acesso privilegiado podem deletar arquivos críticos, desconfigurar sistemas ou roubar dados antes de saírem da empresa.
Acessos não revogados: Ex-colaboradores que mantêm acessos ativos após o desligamento representam uma ameaça séria.
Curiosidade ou negligência: Mesmo sem más intenções, colaboradores que acessam dados desnecessários podem causar vazamentos acidentais.
Exemplo: Em 2021, um ex-funcionário da empresa Tesla foi acusado de sabotar o sistema de fabricação da empresa ao inserir códigos maliciosos, resultando em grandes prejuízos financeiros e operacionais. O incidente ocorreu porque ele ainda tinha acesso aos sistemas críticos mesmo após sua saída.
Como evitar: Princípio do Menor Privilégio (PoLP) e controles rígidos
Implemente o Princípio do Menor Privilégio (PoLP): Conceda aos funcionários somente os acessos essenciais para desempenharem suas funções.
Revogue acessos imediatamente: Ao desligar colaboradores, cancele seus acessos a todos os sistemas imediatamente.
Monitore atividades internas: Use sistemas de logging e auditoria para registrar e revisar atividades suspeitas em tempo real.
Controle acessos por função (RBAC): Defina permissões com base em cargos e funções, evitando concessões individuais desnecessárias.
Audite acessos regularmente: Revise periodicamente quem tem acesso ao quê e ajuste conforme mudanças nas funções dos colaboradores.
Um controle de acessos eficiente protege a empresa de ataques internos e externos, preservando seus dados mais valiosos. Adotar o Princípio do Menor Privilégio é mais do que uma prática de segurança: é uma blindagem estratégica para o seu negócio.
CONCLUSÃO:
A cibersegurança não é apenas uma preocupação tecnológica — é uma questão de sobrevivência para qualquer empresa. Como vimos, erros comuns como senhas fracas, falta de backups, permissões excessivas e ausência de um plano de resposta a incidentes podem abrir brechas perigosas para ataques cibernéticos. O impacto vai muito além do financeiro: envolve a confiança de clientes, a reputação da marca e até a continuidade do negócio.
A boa notícia é que a maioria desses erros pode ser evitada com boas práticas, conscientização e processos preventivos. Pequenas mudanças, como adotar o princípio do menor privilégio, investir em treinamentos regulares para funcionários e realizar backups seguros, fazem uma enorme diferença na proteção do seu negócio.
Então, o que fazer agora?
Realize auditorias de segurança regularmente: Identifique pontos fracos antes que os criminosos o façam.
Invista em treinamentos contínuos: Transforme seus colaboradores em aliados da cibersegurança.
Revise políticas internas: Atualize protocolos de acesso, backups e planos de resposta a incidentes.
Aja preventivamente: Não espere um ataque acontecer para se proteger — a prevenção é sempre mais barata que a recuperação.
Proteger sua empresa de ameaças digitais não é apenas uma escolha inteligente — é uma necessidade estratégica. O futuro do seu negócio depende das ações que você toma hoje.